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A baixa diversificação nos sistemas agrícolas com soja preocupa pesquisadores. Predominam no Brasil arranjos simplificados, como soja e milho segunda safra em regiões quentes; e soja e trigo ou áreas ociosas no outono-inverno em zonas mais frias. Essa limitação compromete a saúde do solo e eleva custos produtivos, alerta o pesquisador da Embrapa Soja, Henrique Debiasi.
Segundo Debiasi, a repetição de culturas degrada a biologia e a estrutura do solo. A consequência surge com mais doenças, nematoides e compactação. Isso reduz o crescimento radicular, limita a infiltração de água, eleva os gastos com herbicidas e compromete a produtividade. "Menos diversidade gera mais risco, especialmente em anos secos", afirma.
Mesmo diante dessas evidências, a diversificação avança lentamente. Debiasi atribui isso à visão de curto prazo de parte dos produtores. Sistemas diversos, embora às vezes menos lucrativos em uma única safra, trazem ganhos consistentes após quatro ou cinco anos. “É preciso pensar o sistema como um todo”, reforça.
Estudos da Embrapa confirmam a viabilidade econômica da diversificação. Um experimento em parceria com a Copacol, iniciado em 2020, avalia diferentes modelos produtivos na estação experimental de Cafelândia (PR). O consórcio milho-braquiária, por exemplo, elevou a rentabilidade do sistema em 11%. O incremento não veio apenas do milho ou da soja, mas do conjunto. “A braquiária melhora o solo, o que favorece a soja cultivada na sequência”, explica.
Outros modelos também apresentaram resultados positivos. A introdução do trigo como terceira safra aumentou a rentabilidade em 7%. Já o uso da aveia preta ou branca chegou a 10%. As perdas com geadas, como a que afetou o trigo em um dos anos avaliados, não anulam os ganhos no ciclo completo. “Mesmo com riscos pontuais, o saldo é positivo”, aponta o pesquisador.
A pesquisa demonstra ainda que, nas condições do oeste do Paraná, é possível realizar até cinco safras em dois anos, combinando soja, milho e trigo ou aveia, com foco em grãos ou palhada. Além de ganhos econômicos, os modelos intensificados e diversificados melhoram os indicadores de fertilidade física e biológica do solo.
Debiasi recomenda que os produtores iniciem com pequenas áreas. “Dois, cinco ou dez hectares. O importante é aprender aos poucos”, sugere. Ele reforça que a agricultura brasileira já é avançada, mas pode evoluir mais com sistemas diversos. “Diversificar não é reconhecer erro, é buscar eficiência e sustentabilidade”, conclui.
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